terça-feira, 25 de maio de 2010

Srta Dramática no divã
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Eu. Eu sou errada. Eu escolho errado. Eu escolho a dedo. Eu acho que as coisas são como penso que deveriam. Eu me jogo. Me envolvo. Me dou. Me estrepo. Dou a cara pra bater. Me abro. Me entrego. Me fodo. Me ferro. Me queimo. Me desgoverno. Perco as estribeiras. Perco o chão. Perco tudo. Só não perco a identidade. Porque eu sou eu. Sem medo. Sem pé atrás. Sem crueldade. Sem ficar cheia de dedos. Sem covardia. Sem hesitação. Sem pensar muito. Sem nada. Apenas vou. Apenas sinto. Apenas sei. Apenas quero. E quero mesmo, qual o problema em querer? Porque as pessoas são tão hipócritas e filhas da puta? Gosta, mostra, porra! É tão fácil! Não me vem com moral, bons costumes, problemas, decepções antigas! Não quero nada disso! Não tenho que entender nada, não me explica, não me diz, não me julga, não me rotula, não me enrola, não me engana, não me trapaceia, não me pede um tempo pra pensar, não me diz pra esperar, não me manda ter calma, não diz que tenho que ter paciência! Se me quer, me queira! Mas me queira como eu sou, assim, desse jeito meio indefinível. Pessoa que é constantemente inconstante. De lua. De fases. De sentimentos. De palavra. Meio doce, meio amarga. Meio gentil, meio ríspida. Meio pura, meio reticências. Meio tudo, meio nada. Meio aqui e meio lá. Não precisa de manual para me entender, mapa para me decifrar. Apenas me vê, me olha, me escuta, me queira, me perceba, me sinta! Eu não sou fácil, sei disso. Mas eu só tento fazer o melhor. Só tento ser eu. Só tento lhe fazer bem. Eu não sou um objeto bonito pra ficar ali em cima, junto com tantos outros. Eu não sou brinquedo para diversão. Eu não sou um livrinho de palavras-cruzadas para ser feito quando não há nada de mais interessante pra fazer. Eu não sou controle remoto pra ficar sendo apertado e apertado na tentativa de achar um bom canal na TV fechada. Eu não sou o curinga para ser jogado fora num jogo de cartas qualquer. Eu não sou o bobo da corte para fazer rir. Eu não sou nada disso. Eu sou eu. Meu lado bom e ruim. A orquídea e a lama. Meu lado fresco e com cheiro a mofo. O previsto e o inesperado. Minha face feliz e triste. O brigadeiro feito na panela que te queima a língua. Meu lado perverso e intocado. E eu te amo, mas se você não consegue me carregar, cai fora. Agora. Não deixe para depois.







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